
A chinesa Changan é a nova parceira da brasileira Caoa, que vai manter sua sociedade com a também chinesa Chery e recentemente rompeu com a sul-coreana Hyundai. A apresentação da nova parceira internacional acontece no Salão do Automóvel de São Paulo.
A aproximação da Caoa com a Changan aconteceu após o rompimento da parceria que a brasileira tinha com a Hyundai (leia mais abaixo). A Changan já atuou no Brasil com o nome “Chana”, vendendo veículos pouco atrativos e virando piada pelo nome escolhido e deixando o mercado nacional em 2016, apesar da empresa ser uma das 10 maiores montadoras da China, que tem mais de 140 marcas.
Seguindo com a tradição de valorizar os produtos de suas parceiras, a Caoa pretende construir uma história diferente com a Changan, tal qual fez com a Chery, quando deixou o QQ de lado na primeira oportunidade que teve. Trará ao Brasil SUVs e esportivos elétricos da linha premium da Changan.
Avatr
A Caoa Changan já tem site (aqui), já tem endereço – dividirá a fábrica de Anápolis com a Caoa – e já tem carros para impressionar, o Avatr 11 (lê-se Avatar 11) e o Avatr 12, que estão expostos no Salão do Automóvel de São Paulo.
O Avatr 11 é um carro elétrico grande, tem 4,90m de comprimento e pesa mais de 2 toneladas. Para se ter ideia, é quase o tamanho da BMW X6. O motor rende mais de 500cv e com todo esse tamanho ele ainda acelera de 0 a 100 km/h em 4 segundos.

Igualmente grande é o Avatr 12, que tem 5 metros de comprimento e é projetado para dois motores elétricos. Isso indica que a Caoa-Changan não concorrerá diretamente com a Caoa-Chery, mas ficará um degrau acima dela na faixa de preços e de público. A marca também testa o Changan Uni-T para o portfólio nacional.
Tal qual fez com o Hyundai Tucson nos anos 2000, pegando um modelo desconhecido e fazendo um marketing agressivo sobre acessórios que os concorrentes da época nem sonhavam em ter, essa será a estratégia da marca.

Os carros chamam a atenção pelo design futurista, o primeiro passo está dado. Os comerciais a Caoa sabe fazer e agora vem a prova de fogo: a qualidade destes produtos e o pós-venda que a nova marca oferecerá. Se fizer o mesmo trabalho que fez até aqui com o Tiggo 7, teremos um ótimo novo player no mercado.
Como a Caoa chegou até aqui?
A Caoa nasceu como concessionária e se especializou nos últimos 30 anos em trazer marcas estrangeiras e transformá-las em grandes marcas no mercado nacional. Nos anos 90 a Hyundai chegou ao mercado via importadores, após o governo Collor abrir o mercado para veículos importados (você lê isso aqui).
Sem conhecer direito o mercado na época, a chegada de muitas marcas estrangeiras foi desastrosa, principalmente quando o assunto era o pós-venda. Isso causou um estigma sobre carros de algumas nacionalidades que chegaram por aqui: não tinha peça, era um desastre.

A Caoa já era a importadora oficial da japonesa Subaru na época e em 1999 assumiu as importações da Hyundai. Foi um trabalho forte com concessionárias próprias e em publicidade sobre o modelo Tucson que virou esse jogo com uma produção nacional em Anápolis, interior de Goiás.
Com o tempo os próprios sul-coreanos montaram sua fábrica no Brasil (Piracicaba) e começou aí um atrito com a Caoa. Enquanto a brasileira ficou com a produção de alguns modelos mais caros e a importação, a Hyundai ficou com a produção e venda do HB20, HB20S e o Creta. O resultado foi que, gostando do mercado e não gostando muito do acordo da Caoa com a concorrente Chery, a Hyundai foi colocando a brasileira de lado até o rompimento ocorrido esse ano.


