segunda-feira, 20 de maio de 2024

Carros antigos, bem conservados e caros: prato cheio para os estelionatários

Nem tudo o que parece é. Veja como as redes sociais podem passar a falsa sensação de um bom negócio que pode ser golpe e se transformar em uma dor de cabeça monumental

Carros antigos, restaurados ou super conservados, são uma tentação em inúmeros perfis na internet que se intitulam especializados na área. Carros antigos passam a valer até 5 vezes o que se cobraria no preço de tabela e isso alimenta os criminosos que se aproveitam da situação e do clima de euforia que um veículo mais raro pode causar.

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Turboway fez uma pesquisa em processos de estelionato que envolvem carros anunciados como grandes “joias” na internet e alerta: nem sempre os golpistas são anônimos com anúncios duvidosos. Existem perfis sérios, mas também os que têm milhares de seguidores e divulgam anúncios capazes de ludibriar quem tem algum conhecimento automotivo.

Os casos mais comuns são de carros que não existem ou aqueles que passaram pela conhecida “maquiagem”. O grande truque neste caso é construir um perfil na internet que possa parecer ter alguma credibilidade e criar no comprador a falsa sensação de que o negociador tem conduta íntegra.

Ao final deste texto estão algumas informações que podem ajudar o comprador que busca um veículo neste perfil.



E como o criminoso faz isso por meses ou até anos sem ninguém descobrir?

A internet abriu as portas para criminosos atuarem em todo o país. Se a vítima mora em São Paulo e resolve alertar outras pessoas sobre o golpe, só tem o próprio perfil e o perfil do golpista para ser ouvida. No perfil próprio a notícia vai repercutir no máximo ao seu círculo de amizades e no perfil do golpista as mensagens são apagadas. Simples assim.

Na Polícia o caso pode se arrastar por meses sem qualquer publicidade e na Justiça o caso fica restrito às partes, com algumas menções se tornando públicas em sites como o “Jusbrasil”. Enquanto isso a pessoa segue atuando.

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Por incrível que pareça há casos em que a situação fica ruim para a vítima. Em um dos processos que tivemos acesso, o vendedor estelionatário consegue de fato concluir alguns negócios. Isso faz com que muitos seguidores rebatam comentários negativos com a história de que “conhecem alguém que fez e deu tudo certo”.

O que é preciso ficar claro é que se uma pessoa vende dez carros e em apenas um dos compradores ele aplica um golpe, ela já se tornou uma criminosa.

Turboway destaca dois casos:

Golpe do “quem dá mais?”

No primeiro, registrado em Brasília, a vendedora anuncia carros com algum tempo de uso, mas muito conservados em uma loja real. Um Honda Fit 2011, por exemplo, era oferecido com lataria impecável e apenas 40 mil quilômetros rodados.

A Polícia Civil recebeu denúncias e descobriu que os carros sequer existiam. A vendedora exibia fotos de veículos que ela copiou de outras páginas. O anúncio já era feito com a observação que o carro já estaria reservado para uma cidade específica. Isso gerava engajamento dos outros seguidores da página que se mostravam interessados “caso o negócio não fosse concluído”.

Aí a criminosa se sentia a vontade para concluir o golpe. No bate papo da rede social acabava negociando o falso veículo e exigindo uma entrada para a “reserva” e para evitar outra “negociação ruim”, como aquela (falsa) que já contava com reserva. O golpe já estava consumado. Apesar disso, a loja seguiu funcionando por vários meses.

Vendedor top que não é bem top…

Em outro caso analisado por Turboway, um perfil de São Paulo oferece vários veículos com alto grau de conservação. Os comentários no perfil são todos positivos, inofensivos para quem não sabe que pode cair em um golpe.

Em um dos casos relatados à Justiça, a venda de um Chevrolet Astra, o vendedor não entrega o veículo, mas recebe o dinheiro da compra. Após semanas esperando um veículo que não chegava, o comprador descobriu que o carro estava em nome de terceiro e foi então buscar essa pessoa. Aí o vendedor parou de responder, embora continuasse muito ativo em rede social.

No fim das contas o comprador descobriu que o carro existe, mas que o proprietário também sofreu um golpe financeiro do mesmo vendedor e que desconhece o negócio. Simplificando: o vendedor vendeu um veículo que não era seu e nem estava a venda.

Nesse caso o vendedor foi condenado por estelionato e tem outras investigações em curso.

Como evitar cair em um golpe deste tipo?

  • Primeiro, desconfie do perfil. Faça uma pesquisa para ao menos saber se o perfil é de quem realmente diz que é. Se o perfil diz ser de uma loja específica, localize a loja no Google e entre em contato;
  • Veja a reputação da loja. Uma pesquisa no Google já um bom começo. O site Reclame Aqui também é um ótimo termômetro;
  • Mantenha a calma, não se deixe envolver em pressão. Se foi iniciada uma negociação, o comprador e o vendedor devem respeitar se respeitar. Conforme-se em abrir mão de um negócio que parece irresistível, mas carece de respeito;
  • Seja cauteloso, exija informações da documentação do veículo, como a placa e o Renavam, que permitem que você faça uma busca detalhada a respeito do carro;
  • Se o carro estiver em nome de pessoa diferente de quem está negociando, localize o dono e converse sobre a negociação;
  • Pegue referências com quem já fez negociação com o vendedor antes. Mas não use a referência como verdade absoluta;
  • Vá ver o veículo. Dê uma volta no carro, veja se é coerente com o que é anunciado;
  • Não deixe de consultar profissionais que possam te ajudar com a aquisição, como despachante, advogado, mecânico e avaliadores de carro. Gastar dinheiro com uma assessoria decente pode te poupar uma dor de cabeça gigante;

Publicada originalmente em

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