Estávamos no ano 2003 quando éramos apresentados ao Ford Ecosport. Na época o modelo virou assunto e um verdadeiro fenômeno de vendas em seu lançamento. Vinte e dois anos depois a categoria atraiu as outras montadoras e em breve teremos veículos da Chevrolet e Nissan. E como esse tipo de modelo ficou popular? O que eles representam para as montadoras?
O gosto do brasileiro pelos SUVs vem lá dos anos 90, quando a categoria era um cartão de visitas para quem tinha status financeiro. Era comum, por exemplo, ver artistas na TV usando o Jeep Cherokee, importado pela Jeep diretamente dos Estados Unidos.
Não que os “SUVs compactos” sejam herdeiros do Cherokee (não são), mas o Ecosport foi pioneiro de uma categoria de carros que virou xodó das montadoras. E ele reinou sozinho por muitos anos e foi a grande sacada da Ford para apresentar ao sujeito de classe média um SUV que ele poderia comprar.

Solução caseira
A jogada genial da engenharia da Ford é que para montar o Ecosport eles pegaram a base do Fiesta. Ou seja, o Ecosport era um Fiesta montado de outra forma e vendido bem mais caro. Não a toa, o modelo foi um dos salvadores da endividada Ford dos anos 2000. Por ironia do destino foi o último modelo a ser descontinuado quando a Ford deixou o Brasil como indústria, em 2021, quando mergulhada em outra crise financeira. Aí é outra história e você pode ler sobre ela aqui.
Esses modelos chamados de SUVs compactos na verdade pertencem a uma categoria chamada de “Crossovers”, uma categoria que pode ser descrita como a de carros tradicionais de passeio que agregam características de SUV – a posição de dirigir mais alta sendo o cartão de visitas. Para resumir o estilo, um “SUV com foco urbano”, ou o “SUV de shopping”, na linguagem popular.
E o motivo deles terem virado o objeto de desejo de toda montadora é óbvio aqui: um Ecosport custava o similar à um Fiesta para ser fabricado, mas trazia um lucro até 50% maior na hora da venda. Um desses “SUVs compactos” que também chegou para melhorar a performance da montadora e abriu o olho das concorrentes foi o Chery Tiggo 2.
Carro pequeno que vira “grande”

O Tiggo 2 pode não ter sido um sucesso estrondoso de vendas, mas ele teve muito mérito na estratégia da Caoa-Chery. O Tiggo 2 era nada mais, nada menos, do que a base do Chery Celer em um carro maior e com cara de SUV. O resultado todos conhecemos: a Caoa-Chery conseguiu se posicionar no mercado após o seu lançamento.
Foi esse movimento da Caoa-Chery que impulsionou a chegada dos outros “Suvs compactos”. A Fiat pegou o Argo e o transformou em Pulse e, posteriormente, em Fastback. A Volks criou o Tera a partir do Polo. Os próximos que chegarão: o novo “SUV compacto” da Nissan, que usará a plataforma do antigo Kicks e que por sua vez é a plataforma que nasceu no March e hoje está também no Versa. Por fim a Chevrolet terá o seu, na plataforma que hoje é do Onix.