Carro elétrico mais vendido da China em 2021, o Wuling Hongguang Mini EV foi ultrapassado em 2022 por outro fenômeno de mercado, o BYD Song. Mesmo assim, o mini vendeu mais de 410 mil unidades em 2022, contra 395 mil em 2021. Os altos números são explicados por uma questão simples. O pequeno, quase minúsculo, elétrico custa apenas 4,6 mil dólares – cerca de R$ 24 mil. Mas como?

É inegável que o preço dos elétricos vem caindo com o tempo, a ponto de a produção já estar mais barata do que a de modelos a combustão, em alguns casos. O barateamento de peças, de baterias, o desenvolvimento de tecnologias mais eficazes e o próprio consumo de massa ajudam a explicar a queda nos preços. Mas como a Wuling conseguiu baratear tanto o modelo? Como os chineses estão conseguindo fabricar carros elétricos por menos de 5 mil dólares?
Para alguns especialistas a explicação é técnica. Alguns defendem que o Hongguang Mini EV não seja exatamente um carro, mas sim um quadriciclo muito robusto.
De fato, ele é classificado como carro elétrico de baixa velocidade – LSEV, na sigla em inglês. Para os mais exagerados, é como se fosse um carro de golfe um pouco mais potente, mais bem acabado e mais confortável. E está tudo bem.

A proposta do modelo não é ser um modelo rápido, mas eficiente como city car. Ele enfrenta os congestionamentos como qualquer modelo maior e mais potente e entrega o que dele é esperado. Não dá para colocá-lo exatamente em uma rodovia, mas no trânsito de todos os dias, sim.
Tanto é que 800 mil chineses correram para comprá-los nos últimos dois anos, o que da uma média de mais de mil vendas por dia. É muita coisa, mesmo para a China, país de dimensões continentais e população de duas Europas.
Mas, justiça seja feita, o baixo preço dos elétricos chineses não se explica apenas pelo ‘golpe do quadridiclo bombado’. O MG4, elétrico compacto de 4,28m e 170 cavalos, tem tamanho de Golf e preço menor. Enquanto o elétrico chinês custa 28 mil euros, o hatch alemão com ‘ultrapassado’ motor 1.0 e 110 cavalos, sai por 31 mil euros.
A China tem carga tributária pequena e moeda desvalorizada, oferecida pelo seu governo, para enssentivar a economia e as exportações e produção massiva de seus produtos. Além salários abaixo da média internacional.
Vem tentar fazer isso aqui no Brasil! Não dá pra competir.
A China tem salários menores q os da Alemanha ou EUA, mas tanto salário mínimo quanto salário industrial superaram os do Brasil nos últimos anos. A renda per capita e o índice de desenvolvimento humano também são superiores aos do Brasil. No Brasil, após as reformas trabalhista e previdenciária a renda de quem trabalha só diminuiu.
A política empresarial brasileira é pagar nada e forçar o trabalhador a dar tudo de si. Ninguém se preocupa com o equilíbrio econômico interno.
Chegamos ao ponto em que o trabalhador não compra o próprio produto que fabrica e isso é péssimo.
Os encargos e impostos injustos, somados a mesquinharia de quem emprega aleijou o país e pior, afugentou o trabalhador de querer ter carteira de trabalho, que infelizmente virou mico.
Eles tem tudo isso porque eles querem ter.
A décadas eles se prepararam para esse momento.
Enquanto o brasileiro faz churrasco na laje e assiste futebol pirateado a China faz o dever de casa.
Bem ou mal eles já estão aí, a todo vapor, pra quem quiser ver.