Os anos atuais estão sendo desafiadores para a indústria automobilística. Quando vemos as montadoras trazendo carros híbridos ou elétricos ao Brasil, ou simplesmente um modelo novo desenvolvido do zero, estamos ainda olhando para o passado.
É que como veículos são produtos muito complexos que envolvem projeto, testes exaustivos e estudos de mercado, tudo o que está chegando ao mercado agora é fruto de pelo menos cinco anos de análise, ensaios e projeções. Nem sempre o fruto de todo este planejamento dá certo, aliás.
E o que é o desafio atual para as montadoras? Primeiramente é entender como será o futuro e em qual cenário de mercado elas vão disputar mercado. E elas têm muito neurônio para queimar: tem empresa estudando combustível sintético, tem empresa jogando todas as fichas na eletrificação dos carros e tem empresas arriscando uns bilhões nos carros voadores. E tem também empresa apostando em todas as alternativas anteriores para simplesmente não ficar de fora desse futuro.
Um exemplo claro disso é sobre os “carros voadores” ou EVtol, que na prática são drones que vão transportar humanos. Essa semana a Stellantis (marca uniu Fiat e Peugeot) anunciou que está investindo nessa área através de uma sociedade com a empresa Archer para fabricar um modelo já em 2024.
A Volkswagen já anunciou a mesma coisa há dois anos, em uma parceria com uma empresa chinesa. A Hyundai já tem uma subdivisão cuidando disso e promete o seu EVtol para 2028.
A complexidade disso é que essas marcas entrarão em outro campo de batalha onde também estão empresas fabricantes de aviões e gigantes da área de tecnologia. Até o momento é público que Hyundai, Stellantis e Volkswagen concorrerão pelo menos com Google, Embraer e Uber. Some a isso diversas startups que estão correndo atrás do mesmo objetivo e que acabarão sendo adquiridas por uma das gigantes.
Como em qualquer área nova da área de tecnologia algumas coisas já podemos prever: como cada empresa está desenvolvendo um sistema diferente, alguns vão predominar e outros vão naufragar, o que significa que enquanto algumas dessas empresas vão ficar ainda mais valiosas, outras vão perder muito dinheiro.
Imagine investir bilhões para inventar um produto e no meio do caminho surgir um projeto mais eficiente que cai no gosto do mercado. Pois é. Isso vai acontecer e nós não sabemos ainda quem estará em cada ponta dessa mesa. Torcemos, é claro, para que a nacional Embraer esteja na ponta do sucesso. O Evtol dela, chamado EVE, está prometido para 2026.
Enfim, os anos 2020 representam uma encruzilhada para a indústria automobilística. Até o final da década teremos algum cenário muito diferente do atual e em uma possibilidade não muito distante poderemos ter marcas de tecnologia absorvendo grandes marcas que hoje só fabricam carro.
E lá em cima, quando eu falei de empresas que estão apostando em todas as alternativas, eu falava da Volkswagen. A empresa foi uma das primeiras a converter uma fábrica inteira para produzir carros elétricos na Europa. Também investe, através da Porsche, em estudos para um combustível sintético que substitua a atual gasolina e por fim está nesta parceria chinesa pelo carro voador. Está bem antenada ou não?