A série argentina “Eternauta”, disponível na Netflix, conta a história de um cenário apocalíptico em Buenos Aires a partir de um encontro de velhos amigos em uma noite que começa a nevar na capital da Argentina. A tempestade de neve já é um cenário de anormalidade, e diante do cenário climático as máquinas modernas param de funcionar. Aí os personagens ficam sem TV, telefone e… carros!
Mas nem todos!
Em dado momento os moradores de Buenos Aires descobrem que veículos antigos, que são totalmente mecânicos e não tem componentes eletrônicos, ainda rodam. Aí a série mostra uma série de clássicos argentinos, sendo que a maioria nunca existiu no Brasil.
Ainda que os veículos modernos não rodem neste cenário, é possível ver vários carros parados nas rodovias, em um cenário que lembra muito o que “The Walking Dead” e “The Last of Us” já nos proporcionaram. A qualidade da série argentina é digna de ser comparada às séries norte-americanas, com a diferença de que muitos dos carros que aparecem são nossos conhecidos. Toyota Etios, Peugeot 208 e Fiat Punto, por exemplo, estão lá.
Mas nosso foco são os clássicos. Um deles, utilizado pelos personagens principais, é uma parente da nossa “Rural Willys”. Turboway assistiu todos os episódios da temporada disponibilizada no Netflix e recomenda.
Ika Estanciera, a Rural argentina

A Ika Estanciera foi produzida localmente na Argentina entre 1957 e 1970. O veículo tem a mesma origem da nossa Rural, o veículo que surgiu nos Estados Unidos como “Willys Station Wagon”. No Brasil a Willys importou o modelo e depois começou a produzi-lo localmente com o visual que conhecemos até hoje.
Já na Argentina o veículo foi produzido por uma empresa local chamada “Ika” e o veículo foi renomeado para “Estanciera”, ou no nosso português: “Fazendeira”.
Citroën Mehari

Usado também pelos personagens que resistem ao cenário apocalíptico da série, o Mehari é um jipinho valente da Citroën que lembra um pouco os carros da Gurgel dos anos 80. Não tivemos Mehari no Brasil.
O Mehari era um projeto francês de carro leve – com carroceria feita em plástico – e com tração para rodar em terrenos difíceis. Os que rodaram na Argentina eram fabricados no Uruguai e tiveram o plástico substituído por fibra de vidro.
Mercedes-Benz 1114 Motorhome

Para nós, brasileiros, vai soar como um caminhão da década de 70 adaptado para motorhome, mas os modelos ‘Casa Rodante’ – como ficaram conhecidos lá – eram usados de fato como ônibus na Argentina naquela época. O que aconteceu é que vários que foram perdendo seu uso como coletivos no decorrer dos anos viraram motorhomes e são populares entre os argentinos.
Certamente os produtores da série não escolheram os modelos de forma aleatória. Assim como o Mehari e o Estanciera, o Mercedão motor-home é um modelo marcante na cultura argentina. Na série ele é usado pelo grupo principal de personagens quando eles decidem sair da vizinhança onde estavam em busca de um lugar mais seguro para entender o tamanho da crise.

Ford Taunus

Outro clássico argentino que não chegou por aqui. O Taunus está presente na série em vários momentos, mas aparece em cenas com outros personagens, não com os protagonistas.
O Taunus era um carro de maior luxo na década de 70 desenvolvido pela empresa norte-americana no mercado europeu. Ao mesmo tempo em que a Ford trouxe o Taunus para atender o público argentino, trouxe o Maverick para o público brasileiro.
Chevette Argentino

Não vamos dar spoilers com relação aos personagens, mas sobre os carros você não vai ligar. Certo? No penúltimo episódio os personagens estão com aquele motor-home Mercedes que você já viu acima, quando são surpreendidos por um Chevette da primeira geração que passa com tudo em um cruzamento. Cenas mais tarde ele é encontrado capotado na pista e os ocupantes mortos. Isso é um gancho para as próximas cenas, que explicam o porque o Chevette foi atacado.
Mas foquemos no Chevette: esse modelo da série é um Opel K180 de quatro portas. O modelo vinha da Europa e ficou em linha entre 1974 e 1978.
A explicação aqui é simples: a maioria dos Chevrolets que fez sucesso no século passado por aqui eram projetos da Opel, o braço europeu da Chevrolet. Só que no Brasil eles passaram por adaptações, foram rebatizados e fabricados localmente pela marca Chevrolet. Aí nasceu o nome Chevette. Os argentinos receberam diretamente o carro com a marca Opel.
Peugeot 404

Outro modelo que não tivemos no Brasil, mas aparece com algum destaque na série. O 404 foi usado na cena posterior à do Chevette. Foi nele que estavam os personagens que atacaram as pessoas que estavam no carro.
O 404 chegou a ser fabricado por alguns anos na Argentina nos anos 60 sob licença para uma marca local.
Onde assistir?
O Eternauta é uma série de ficção científica baseada em um quadrinho argentino dos anos 50. Na história original um homem luta contra uma força alienígena para salvar sua família. Na série, com adaptações, esse personagem é vivido pelo ator argentino Ricardo Darín.
“O Eternauta” está disponível no serviço de streaming Netflix.