sábado, 27 de julho de 2024

SUV Territory é cartada da Ford para se reafirmar na China

A fábrica de onde sai o Territory é resultado de um plano de incursão no mercado asiático iniciado há quase 30 anos para produzir veículos utilitários para aquela região. Hoje a Ford tem presença e alta capacidade no mercado chinês, mas vive cenário de quedas nas vendas internas.

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O Ford Territory é o primeiro produto da marca vendido no Brasil a ser produzido na China. É a aposta da Ford para o mercado sul-americano de SUVs que é altamente competitivo e que hoje conta com modelos que frequentam o Top10 de vendas, como é o caso do Jeep Compass. A história da Ford na China começa em um investimento feito na década de 90 para a produção de veículos de transporte de cargas.

Unidade de testes de veículos da Ford na China, inaugurada em 2017 (Divulgação/ Ford)

Cenário instável

A Ford se estabeleceu na China em 1995, quando adquiriu 20% da JMC. Dois anos depois, a empresa ampliou esta participação para 30% e focou sua produção na van Ford Transit. A chegada na China naquela época foi o início de um grande plano de expansão pela Ásia que incluiu parcerias, ampliação de concessionárias e desenvolvimento de novos produtos. Além da China, a empresa segue plano semelhante para a Índia e para a Tailândia, conhecidos mercados emergentes.

A marca de 100 mil veículos vendidos em um ano na China veio em 2009 e no ano seguinte anunciou, em parceria com a Ford, a construção da atual fábrica de Nanchang com um investimento de US$ 442 milhões. Em 2012 a Ford e a JMC adquiriram a chinesa Talyuan HTC, uma empresa fabricante de caminhões.



Esse ano a empresa anunciou que fechou 2019 com queda de 26% nas vendas no mercado chinês. É o terceiro ano consecutivo de queda de vendas da Ford na China. Em 2017 as vendas caíram 6% e em 2018 caíram 37%. Segundo a Revista Exame, hoje a empresa vende metade do que vendia em 2016 que foi o último ano em que as vendas foram positivas. Nos últimos sete anos a Ford China teve sete presidentes.

Everest e Yusheng S330

No ano de 2013 a Ford e a JMC inauguram a nova fábrica chinesa, unidade que tem elevado nível de automação. Em 2013 a Ford adquiriu mais uma parte da JMC e passa a ter 32% da empresa. Nesse ano a fábrica de Nanchang atinge a marca de 7 milhões de Ford Transit fabricadas. Em 2014 o braço chinês da Ford iniciou a produção do Ford Everest, que não chegou ao Brasil, e também dos motores Ecoboost, que hoje equipam o Ford Territory.

A fábrica chinesa de onde sai o Territory fica em Nanchang, província de Jiangxi, sudoeste da China. A produção em conjunto da JMC e da Ford também prevê o desenvolvimento de veículos para as duas marcas, que é o caso do Territory. O SUV, que tem uma proposta de categoria acima do Ecosport, é “irmão” do JMC Yusheng S330 (foto abaixo) um SUV que a JMC comercializa na China.

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Chinês JMC Yusheng S330 utiliza a mesma plataforma do Ford Territory (Divulgação JMC)

A capacidade da fábrica de Nanchang é de produzir 545 mil veículos por ano e também fabricar 200 mil motores. Segundo apresentação da época de inauguração, a proposta da Ford ao produzir na China é agregar tecnologias globais e aumentar sua capacidade de produção.

Ford Transit foi o primeiro veículo fabricado em parceria com a JMC na China (Foto: Divulgação/ Ford)

Novo mercado

O motor que equipa o Territory é chamado 1.5 Turbo Ecoboost GTDI (150 cv), que é o motor JX4G15 do JMC S330 com adaptações feitas pela Ford, como a injeção direta de combustível. Segundo a empresa, o motor foi calibrado para as necessidades do consumidor da Ford. O Territory chegou nas versões Titanium e SEL com preços a partir de R$ 165 mil, o que o coloca em confronto com o Volkswagen Tiguan e o Jeep Compass.

Aliás, o Territory junto ao Ecosport e o Edge fazem parte da nova estratégia da Ford para a América Latina que inclui apenas SUVs, picapes, elétricos e esportivos. Essa estratégia decretou o fim dos modelos Focus, Fiesta e Fusion na região. Futuramente o Ford Bronco virá para completar essa família. O Ford Ka segue resistindo.

As versões do Territory têm câmbio automático CVT com oito marchas simuladas e vem com modem embarcado para interatividade, carregamento sem fio para celular e central multimídia com suporte para Apple CarPlay e Android Auto, além de oferecer câmera panorâmica externa de 360 graus, bancos dianteiros com aquecimento e resfriamento e luz ambiente configurável em sete cores.

Prós e contras

Uma vantagem do Territory a outros chineses que já foram importados para o Brasil no passado é que a Ford garante que o controle de qualidade da fábrica chinesa segue o padrão mundial de qualidade, o que deve evitar que o consumidor encontre em um carro de preço elevado problemas em acabamento e detalhes que incomodam o consumidor do ocidente como equipamentos com indicações incompreensíveis (central multimídia, painel de instrumentos, manuais, etc). A desvantagem mais evidente até o momento é que o motor do Territory não é flex, aceita apenas gasolina. Além do Brasil, o Territory também é exportado para as Filipinas.

Territory, Ford produzido na China que chegou em 2020 ao Brasil (Divulgação/ Ford)

Produção do Ford Everest, na fábrica de Nanchang (China) (Divulgação/ Ford)

Hoje a Ford está presente na China com marca própria e comercializa os modelos Mondeo, Taurus, Territory, Focus, Escape (versão SUV do Focus), Edge, Everest, Transit e Turio (van) e os importados Mustang e F150 raptor. A Ford também comercializa versões elétricas do Territory (ainda sem previsão para o Brasil) e do Mustang. O Ford Territory elétrico custa, na China, o equivalente a R$ 150 mil – mais barato do que a versão a gasolina vendida por aqui.

Publicada originalmente em

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