Carros, dinheiro e investigação policial: por que influencers viraram alvo no ‘Jogo do Tigrinho’

Operações da Polícia sobre influenciadores não miram a divulgação do jogo em si, mas tudo o que acontece no caminho do dinheiro que não tem origem legal

Operações envolvendo jogos de azar e influencers têm virado rotina no Brasil e muita gente não entende o motivo destas operações. Com a rapidez das redes sociais, após saírem da delegacia estes influencers acabam usando seu canal de comunicação para plantar informações baseadas em uma suposta perseguição.

Carros de luxo e viagens internacionais estão entre os bens que viraram alvos dos investigadores. BMW X4, BMW X3, Land Rover Defender, Porsche 911 GT3. São alguns dos carros apreendidos na operação Desfortuna, deflagrada em 07/08.

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Os 14 influenciadores alvos desta última operação têm, juntos, cerca de 35 milhões de seguidores.

Carros apreendidos na operação Desfortuna (foto: Polícia Civil/divulgação)

E por que a Polícia e a Justiça miram estes influencers?

No caso da operação Desfortuna, que teve diversos influencers como alvos e que alguns chegaram a postar tranquilamente direto da delegacia, há diversos elementos que não são diretamente o jogo.

Divulgar jogos de azar no país antes era enquadrado como uma contravenção e pela punição simples sequer é uma situação que motiva uma operação policial. O problema são os crimes ligados à divulgação do jogo.



Inicialmente, a maioria das plataformas de jogos divulgadas por estes influenciadores não está em situação legal no Brasil. Desde 2025 há uma lei que permite o funcionamento de cassinos online, desde que devidamente cadastrados no Ministério da Fazenda. Mas esse ainda não é o alvo da operação.

Esta operação e a maioria das outras que vêm sendo trabalhadas pelas polícias no Brasil tratam de crimes contra os apostadores e contra a economia nacional. Traduzindo para qualquer um entender:

No primeiro caso, os influencers têm uma combinação com a plataforma em que eles ganham uma porcentagem sobre o volume que o apostador indicado por eles perde. E aí não se iluda: isso é grave, pois os apostadores perdem não por acaso.

No segundo caso, a Polícia aponta uma movimentação expressiva de dinheiro por parte dos influenciadores. Tudo, claro, sem declarar à Receita Federal. Nas redes sociais alguns seguidores destes influencers difundem a informação de que o problema é o Governo não “morder dinheiro no esquema”.

Claro que a Receita Federal tem interesse em arrecadar, mas o cenário atual brasileiro é mais complicado do que esse chavão de rede social: o crime organizado é quem lucra sobre dinheiro não contabilizado. Além do que a investigação aponta uma rede de empresas fantasmas à serviço dos influenciadores, o que também levou a Polícia a considerá-los uma organização criminosa.

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Como o crime organizado lucra?

Em investigações anteriores a Polícia e a Justiça detectaram que criminosos faccionados procuram empresas e pessoas físicas com alto movimento de dinheiro. Funciona como uma lavanderia: mistura-se roupa suja com a roupa limpa e dentro da máquina você já não consegue distinguir qual roupa é qual. Só que não estamos falando de roupa, mas sim de dinheiro. A ‘roupa limpa’ é o dinheiro que o influenciador arrecada de verdade e a ‘roupa suja’ é o dinheiro de crimes diversos, como o tráfico.

Publicada originalmente em

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