quarta-feira, 8 de maio de 2024

Anos 90: o terror do carburador, da manivela e dos acessórios para carro

Mudanças no mercado automotivo dos anos 90 levaram o terror para a indústria nacional que tinha muitos carros com tecnologia defasada

Se você acha que os carros brasileiros são defasados em relação ao que os importados oferecem, talvez você não tenha vivido nos anos 90. Do dia pra noite os modelos nacionais envelheceram mal perto de concorrentes que tinham design, motor e tecnologia muito diferentes.

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Até os anos 90 era possível encontrar nas concessionárias um monte de carros equipados com carburador e com itens considerados acessórios que hoje beiram o absurdo: ar-condicionado, vidro elétrico na frente e acendedor de cigarro estavam nesta lista.

A Kombi relutou com seu carburador até o ano de 1997 (foto: reprodução/ comercial de TV)

Você pode até não achar estranho o ar-condicionado ser um item opcional, afinal até 2 anos atrás tínhamos carros brasileiros ainda sem o item, mas como explicar para um estrangeiro que em um país com temperaturas na casa dos 40 graus existiam carros com ar quente, mas não com ar condicionado? É!

Contexto

Em um contexto rápido, até o ano de 1990 o Brasil tinha apenas quatro montadoras (Chevrolet, Fiat, Ford e Volkswagen) e uma carga de impostos violenta para quem tentasse importar um veículo. O resultado é que nas ruas só se viam carros destas quatro marcas.

O governo de Fernando Collor, apesar dos sucessivos escândalos, neste ponto foi importante para essa mudança e contamos isso aqui. Também a estabilidade do plano Real deu impulso ao consumo e colaborou com mudanças profundas no mercado da época.

E o que aconteceu quando o mercado abriu para os importados?

Um degrau gigantesco surgiu. Veículos que eram a cara dos anos 80, como o Chevette, começaram a concorrer com veículos asiáticos que já eram da próxima geração.

O maior símbolo da defasagem era o carburador. O item é usado para controlar a entrada de ar e combustível no motor de forma mecânica. Os veículos novos de outros países já tinham abandonado o carburador nos anos 80 e usavam a injeção eletrônica. Como o próprio nome diz, um item que fazia uso de eletrônica para fazer função semelhante. O primeiro carro nacional com injeção eletrônica foi o Gol Gti.

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E quando falamos que os estrangeiros entraram de cabeça no mercado para tirar o sono dos nacionais, não estamos falando apenas de SUVs ou sedãs de luxo. A indústria nacional em 1990 ficou sob artilharia pesada em todos os segmentos. Na área dos veículos comerciais, onde a Kombi reinava, de repente surgiram vans mais modernas da Kia e Asia Motors.

A Kombi relutou com sua tecnologia defasada e foi o último veículo nacional a aposentar o carburador. Isso em 1997.

As mudanças dos anos 90 foram essenciais para o Brasil dar passos à frente na história automotiva. Sem esse choque talvez alguns modelos dependentes do carburador estivessem até pouco tempo atrás no mercado.

A indústria protelou, mas teve que adotar o ar-condicionado e o vidro elétrico como padrão porque o público simplesmente passou a rejeitar os veículos sem esses itens. Outros vieram por obrigação: os airbags, indispensáveis para a segurança dos ocupantes, só estão em 100% dos carros novos porque há uma lei que obriga.

História automotiva

Turboway publica regularmente textos sobre história automotiva e costumamos falar muito sobre fatos muito diferentes que o mercado automotivo viveu na década de 90. O índice de notícias pode ser acessado aqui.

Aqui você pode ler sobre como a década mudou a indústria automotiva no Brasil e também o que aconteceu quando o dólar disparou no final da década e deixou os compradores de cabelo em pé.

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