O fim de semana foi trágico em duas cidades do interior de São Paulo. Em Limeira, três pessoas que estavam na calçada morreram atropeladas por um carro em alta velocidade. A 100 quilômetros dali, em Atibaia, também em alta velocidade, um motorista atropelou um pedestre que atravessava uma avenida. Em ambos os casos, algo em comum. Os dois condutores estavam embriagados.
Se depender das principais montadoras de veículos, casos assim poderão ser evitados por meio de veículos mais inteligentes. Elas estão correndo para criar um dispositivo que impeça que o carro seja conduzido por alguém que tenha ingerido álcool.
Uma lei americana que trata de infraestrutura trouxe, em 2021, medidas animadoras ao anunciar investimentos massivos em carros elétricos. Mas em seu rodapé a lei prevê também que até 2024 os veículos novos apresentem alguma solução que proíba os motoristas de dirigir sob efeito de álcool. E que até 2026 essa solução esteja presente nos carros novos americanos.
Desde então, as montadoras têm quebrado a cabeça atrás desta tal solução prevista em lei. Mas um fornecedor parece ter saído na frente em busca desta saída.
A empresa japonesa Asahi Kasei já estuda um dispositivo semelhante há 25 anos. Nunca chegou tão perto de sair do papel como agora. Também nunca antes houve uma lei que forçasse as montadoras a disponibilizar em seus carros um acessório assim. Agora há.
“Para ser honesto, acho que pegou todos de surpresa. É algo que foi proposto no passado. Mas todos presumiram que veríamos isso necessário primeiro na Europa. Realmente aconteceu nos Estados Unidos”, disse Mike Franchy, diretor de mobilidade da empresa.
Carros terão bafômetro próprio: como vai funcionar
Os motoristas expirariam em direção a um pequeno sensor que poderia ser embutido na coluna de direção ou na guarnição da porta lateral e aguardariam uma leitura rápida de aprovação/reprovação do teor de álcool de sua respiração.
A ideia é que um algoritmo detecte a quantidade de álcool na respiração do motorista em comparação com o dióxido de carbono natural. Um detector irá medir quanta luz infravermelha de um comprimento de onda específico é absorvida pelo ar circundante. Esta medição é então usada para calcular a concentração de um gás específico – neste caso, o álcool etílico.
Em linguajar menos técnico, o dispostivo funcionaria do mesmo jeito que operam os bafômetros usados em uma blitz policial. A diferença é que ele estaria acoplado ao carro e, mais importante, autorizaria ou não a partida do motor. A empresa terá ainda que pensar em soluções para evitar que um terceiro destrave o carro para um condutor alcoolizado.
A ideia é que depois de estrear no mercado americano o dispositivo se popularize no mundo. Aqui no Brasil, ele faz falta.