Carro desta avaliação: K5 LXS 2022
Ele quebrou uma antiga tradição. O consumidor americano se acostumou, por quase duas décadas, a comprar o Kia Optima, nome do sedã médio da montadora coreana de boa aceitação. Mas desde 2019, no lançamento da quinta geração global, todos os mercados decidiram seguir um alinhamento com a Coreia do Sul, e ele passou a se chamar Kia K5 também nos Estados Unidos. E foi em solo americano que o Turboway testou o modelo, fazendo uma viagem de ida e volta entre Nova York e Washington a bordo de um Kia K5 LXS, versão de entrada, mas que é cheia de equipamentos.
Ele tem rivais de peso nos EUA, como Honda Accord, Hyundai Sonata, Toyota Camry, Nissan Altima e Subaru Legacy. Para se destacar, o Kia K5 apostou em muitos elementos de segurança, em comparação à geração anterior.
Com 9 airbags, incluindo um para os joelhos, ele traz, mesmo na versão de entrada, um generoso pacote de auxílios ao motorista, como FCA (alerta de colisão frontal com detecção de pedestres), assistente de manutenção de faixa, de centralização de faixa, alerta de fadiga, alerta de ponto cego, entre outros. Faltou, no entanto, o controle de cruzeiro adaptativo – oferecido apenas como opcional nas versões superiores – mesmo na GT, topo de linha.
Estes alertas foram muito úteis durante a viagem. Em determinado momento no pequeno estado de Delaware, ao tentar entrar de última hora em um acesso após uma imprecisão do GPS, o carro ‘percebeu’ que alguém mais rapidamente vinha e ‘impediu’ a entrada. Um forte alerta sonoro, acompanhado de um endurecimento do volante, evitou uma fechada e até mesmo um acidente. Ponto para o carro.
Debaixo do capô há um interessante conjunto mecânico. O motor 1.6 turbo entrega bastante na estrada, deixando a sensação de que estamos exigindo pouco do carro quando guiamos dentro dos limites de velocidade. Em uma longa reta no estado de Maryland, deu para esticar a 180 km/h e ver que daria para passar dos 200 km/h sem muito esforço, caso fosse preciso. Melhor não. Vale ressaltar que os 180 cavalos e 27 kgfm da versão testada se transformam em 290 cavalos e 43 kgfm, empurrados por um apimentado motor 2.5 turbo, na versão GT.
O câmbio automático de 8 velocidades agrada bastante. É muito suave. Faltaram, no entanto, borboletas no volante, para aqueles que gostam de brincar um pouco mais na direção. A Kia compensa ao dar 4 opções de condução – Sport, Smart, Normal e Custom, ao girar de um botão perto da alavanca do câmbio.
O espaço interno é outro ponto forte. Mesmo não sendo um SUV, havia espaço confortável para os ocupantes traseiros, embora ninguém tenha viajado ali. O porta-malas tem espaço suficiente para malas grandes – são 453 litros, 17 a menos do que um Toyota Corolla. O bagageiro, aliás, conta com abertura automática tanto por chave quanto por presença, o que ajuda bastante.
Quanto ao consumo, o K5 vai bem. Movido apenas a gasolina, ele fez os pouco mais de 800 quilômetros de ida e volta marcando 35 mpg – ou 35 milhas por galão. Na conversão, fez quase 15 km por litro, um bom número para um veículo desta motorização.
O ponto fraco vai para o acabamento interno. Levando em conta a tradição americana de ser mais exigente do que o mercado brasileiro, o acabamento é simples. São muitas peças de plástico, algumas mais sofisticadas, outras mais espartanas. A sensação é de estar em um carro desenvolvido para o mercado brasileiro. Simples e funcional, como vemos muito por aqui. Nada além disto, pelo menos na LXS. Lembrando que é a versão de entrada do modelo e não a de mercado. Esse papel é do Kia Rio. Entre os sedãs, o K5 ocupa nos EUA posição superior também ao Kia Forte, perdendo apenas para o Kia Stinger.
Nos EUA, O Kia K5 LXS custa US$ 25 mil (R$ 132 mil na conversão direta) e US$ 31,5 mil (R$ 166 mil) na versão GT. Não chegou ao Brasil, infelizmente, mas se um dia vier, custará perto ou até mais de R$ 300 mil, caso fosse importado. Por aqui, os rivais Honda Accord e Toyota Camry já são vendidos na casa dos R$ 300 mil. Na geração anterior, ainda chamada de Kia Optima, o consumidor brasileiro pagava pouco mais de R$ 100 mil pela topo de linha, em 2016. Outros tempos.